quinta-feira, outubro 05, 2006

Inauguração da Feira Nova de Outubro, com grande afluência de visitantes. Um breve olhar fotográfico

Pequena mostra de um conjunto mais vasto de documentação arqueológica, que foi exumada e estudada nestes ultimos 10 meses, no âmbito do trabalho normal do Gabinete de Arqueologia. Podemos observar na foto um conjunto de cerâmicas de cronologia variada, desde a Idade do Ferro até à Baixa Idade Média e de proveniencia geográfica muito variada, desde a Italia, Tunisia e Espanha.







Panoramica geral da inauguração da feira, pelo Presidente do Municipio, Arq. Pedro Paredes.
A cerimónia teve inicio de manhã, pouco depois das 11:30, em conjunto com os outros elementos do executivo e representantes de entidades locais.









A origem desta feira não é muito clara em termos históricos. Durante a idade media, as feiras e os dias santos do calendário liturgico eram fundamentais para cimentar os laços de vizinhança e pertença das populações rurais do vastíssimo termo de Alcácer. Era nestas ocasiões que a população pagava os seus impostos, quase sempre em géneros.

Em relação à feira de Alcácer, sabemos que era famosa no século XV e que tinha um estatuto invejado na região Alentejana. Prova deste facto é a existencia de um registo de um capítulo especial apresentado às Cortes em 1439, que o regente D. Pedro reuniu em Lisboa. Pedia a cidade de Beja ao rei Afonso V que lhe fosse concedida autorização para fazer um feira franca " igual à que se fazia em Alcácer".(ver Chancelaria de D. Afonso V, Iv.2, fl. 4, pub. por Virgínia Rau. Feiras Medievais Portuguesas. Lisboa. 1982, página 148)

Cabe a todos nós dar o seu contributo para que a Feira mantenha o seu espirito e prestígio, que já tem mais de 500 anos, facto que não é muito comum no nosso país e que faz parte do nosso património cultural.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Comentário a um texto de divulgação sobre Al-Qasr abu Danis/Alcácer do Sal

A titulo de curiosidade, dou conhecimento de um texto de divulgação sobre o passado islâmico da nossa cidade. Foi elaborado com base em informações que cedi à minha ex-colega do Serviço de Arqueologia Municipal de Palmela. Após uma análise ao texto, verifico que existem alguns erros de datação que eu aceito terem sido involuntários por parte de quem inserio os dados no site. Isso é visível quando atribuem o capitel visigodo/emiral do Castelo de Palmela como proveniente de Sesimbra.
Existe uma afirmação que desculpa mas não concordo, quando referes que Alcácer teria sido inicialmente um ribat. Foi um ribat, mas isso efectivamente só surge após 844, por ordem do emir Abd al-Rahman II, na sequência dos ataques dos al-Manjus/Vikings na costa do Garb/Portugal. As escavações arqueológicas ocorridas no castelo de Alcácer, demonstraram a existencia de uma ocupação desde a fase visigótica com continuidade no século VIII, quando Alcácer fazia parte do Califado Omieda de Damasco e que já tive ocasião de publicar. Uma data que está incorrecta é a de 915. De facto, Ibn Hayyan fala da presença de Mas´ud b. Abi Danis em Alcácer, mas em 875-876/262 H, após este ter sido derrotado em Coimbra por Sa´dun al-Surunbaqi. Em 929 são confirmados pelo Califa Abd al-Rahman III dois governadores: - Yahya b. Abi Danis para Alcácer e Abd Allah b. Umar b. Abi Danis para a região litoral do Sahil de al-Qasr, com sede provável em Balmalla/Palmela. (Castelo dependente de Alcácer). Existem depois outras questões em que não estamos de acordo, mas não faço comentários porque tratam-se de leituras legitimas com base na informação disponível.

domingo, outubro 01, 2006

A Cisterna Romana de Salacia Vrbs Imperatoria: A cerimónia evocativa II parte

É visível o grande interesse manifestado pela assistencia presente.


O senhor Fernando Gomes a falar dos trabalhos arqueológicos que dirigiu no local em 1983

A senhora Vereadora a ler perante os presentes, o texto que foi acompanhar a caixa, que contem simbolicamente a primeira pedra. Segundo a Dr ª Isabel Vicente, trata-se de uma cerimónia romana para garantir a boa sorte das divindades protectoras do lugar e que em termos de simbologia foi recuperada em memória do Dr. João Faria, grande entusiasta do passado romano da sua querida Salacia Vrbs Imperatoria, que nas longas conversas que tinhamos, frizava sempre o seu explendor Alto Imperial e da sua penalização por se ter metido na guerra civil romana, no final da Fase Republicana. A caixa para além do texto que foi tornado publico e que se destina a ser testemunha da cerimónia para memória futura, contem uma replica de uma galinha, uma moeda de 1 euro e uma taça de cerâmica.